quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

TEP ou Tromboembolismo Pulmonar

Voltamos aos assuntos polêmicos e perigosos. A embolia pulmonar é a principal vilã de toda essa história de risco na lipoaspiração e lipoescultura. Mesmo perigosa, existem mecanismos para evitar este problema.

Muitos de vocês sabem que tenho indicado aos pacientes que vão se submeter a uma cirurgia longa o uso de meia compressiva e sequel – um aparelho que comprime a panturrilha durante a cirurgia. Isso serve para evitar que o sangue diminua sua velocidade e forme coágulos nas pernas, já que o paciente está anestesiado e sem capacidade de contrair a musculatura da panturrilha.

Esse coágulo pode entupir uma veia na perna e causar o que chamamos de trombose venosa profunda (TVP). O problema acontece quando esse coágulo se desprende da perna, corre pela circulação e vai parar nos pulmões. Neste caso, o entupimento pode ser de uma região pequena ou tão grande que faz com que o paciente não consiga respirar. É o que chamamos de tromboembolismo pulmonar, o temido TEP.

No entanto, o TEP pode acontecer também quando um pedacinho minúsculo de gordura entra na circulação sanguínea na hora da lipoaspiração e vai parar nos pulmões.

Alguns trabalhos científicos sugerem que há maior probabilidade de isso acontecer no momento em que o cirurgião injeta a gordura no glúteo do paciente (no caso da lipoescultura). Por esta razão, muitos cirurgiões não gostam de realizar este procedimento.

O mais importante sobre o TEP é saber que quanto maior o cuidado do cirurgião com os procedimentos que evitam este problema, menor será a probabilidade do paciente sofrer algum dano.

Se tiverem mais dúvidas me liguem, ou apareçam lá no consultório. Beijos

www.ericamanzano.com.br

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Prótese de mama durante amamentação

Oi Pessoal

Como vocês sabem, atendo a muitas pacientes com desejo de colocar prótese nas mamas. Essa semana, porém, me chamou a atenção o fato de ter vindo ao consultório três pacientes que estavam em fase de amamentação dos seus filhos. Por isso resolvi abrir o espaço desta semana para retirar algumas dúvidas sobre o tema.

Em primeiro lugar, gostaria de defender o aleitamento materno. A criança deve fazer uso do leite da mãe por 6 a 8 meses após o nascimento. Age errado aquela mãe que deixa de amamentar o seu filho para evitar flacidez nas mamas. Enquanto isso, tenho visto mães que dão de mamar à criança até os dois anos de idade, isso é muito prejudicial para a pele.

Vamos entender: enquanto a criança estiver sugando o leite, haverá a produção de hormônios (como a prolactina) que faz com que haja a produção de leite. Após a interrupção do aleitamento, inicia-se a queda dos níveis de hormônio, porém a queda completa dá-se em geral apenas 6 meses da interrupção da amamentação.

Enquanto a produção do leite vai diminuindo, as mamas vão diminuindo seu inchaço, o que faz com que a mãe fique aflita para realizar a cirurgia bem rápido. No entanto, se a cirurgia for feita ainda na fase em que a mama está neste processo de desinchar, o resultado será excelente nos primeiros meses, mas haverá sobra de pele ao término do processo de cicatrização e as mamas podem ficar flácidas de novo. E aí, haja decepção!

Além disso, a colocação da prótese em uma mama ainda com leite aumenta demais o risco de infecção pós-operatória. Não podemos ainda esquecer que o pós-operatório de uma cirurgia de mama exige pelo menos 1 mês de repouso dos braços sem que a paciente pegue peso. Como poderemos cuidar de nosso bebê se estivermos operadas?

Em resumo, oriento às mães que amamentem seus filhos até, no mínimo, o sexto mês, esperem mais 6 meses para que a mama desinche por completo e, só depois, com o filho já com um ano de idade, passem pela cirurgia de prótese ou redução das mamas.

Assim você garante não só o bem de seu filho, como um bom resultado estético da sua cirurgia.

Um beijo e até a próxima semana

www.ericamanzano.com.br

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Lipoescultura e seus riscos

Oi pessoal
Vamos começar com um assunto polêmico e muito sério.

O mês passado houve um grande reboliço na imprensa por causa da morte de uma jornalista de Brasília após uma lipoescultura, por isso, vou tentar esclarecer algumas questões importantes. Em primeiro lugar, quero que todos fiquem calmos. Mortes não são frequentes.

Para vocês terem uma ideia do tanto de cirurgias realizadas, há períodos que só em São Paulo são feitas 700 lipoaspirações por dia e não há nenhuma morte.

O laudo do Instituto Médico Legal mostrou que a morte da jornalista ocorreu devido a um sangramento. Desde então, muitas pessoas estão me perguntando se perfuração de órgãos na hora da cirurgia é frequente. Já digo que não. Para que isso ocorra, a cânula (que tem uma ponta aberta) tem que passar por várias camadas do nosso corpo (gordura, aponeurose e musculatura do abdome) antes de chegar aos órgãos.

Além disso, a maioria dos órgãos internos é móvel e mesmo seja atingido pode desviar da cânula. Por isso, a perfuração com risco de morte só ocorre se houver uma soma de fatores como erro no posicionamento da angulação da cânula, força capaz de romper a musculatura abdominal e azar de atingir um órgão fixo como o fígado, baço ou vaso sanguíneo, ou ainda se um órgão móvel não conseguir resistir à força da cânula.

O problema todo é que em muitos casos o médico não percebe a perfuração na hora da cirurgia e o diagnóstico tarde demais pode ser a causa de morte. O que fazer para diminuir esse risco?

Como vocês sabem, tenho indicado aos pacientes o aparelho de vibrolipo nas minhas cirurgias. Pois é, com esse aparelho, nós cirurgiões necessitamos fazer menos força na retirada da gordura. O viblolipo “quebra” a gordura antes de ser aspirada e o risco de perfuração torna-se menor. Já existem trabalhos científicos mostrando que a vibrolipoaspiração pode diminuir os hematomas e a dor no pós-operatório. Além do mais, como o tempo cirúrgico é menor, o risco de TEP (saiba mais no post TEP ou Tromboembolismo Pulmonar) por um coágulo também diminui.

No entanto, o mais importante é a experiência do cirurgião para que faça a angulação correta das cânulas e atinja somente a parte anterior à musculatura abdominal. Além disso, a experiência do anestesista é fundamental, pois é ele quem vai diagnosticar algo de errado com os parâmetros de pressão, pulso, etc. que se alteram em caso de sangramento. É super importante também estar num hospital que tenha recurso para emergência e que a equipe toda esteja comprometida com o paciente.

No caso da jornalista é difícil saber o que houve de verdade somente com o que foi divulgado. Importante agora é não entrar em desespero e aproveitar esse acontecimento para conhecer mais sobre a cirurgia plástica.

Um beijo e até semana que vem!

www.ericamanzano.com.br