segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Lipoescultura e seus riscos

Oi pessoal
Vamos começar com um assunto polêmico e muito sério.

O mês passado houve um grande reboliço na imprensa por causa da morte de uma jornalista de Brasília após uma lipoescultura, por isso, vou tentar esclarecer algumas questões importantes. Em primeiro lugar, quero que todos fiquem calmos. Mortes não são frequentes.

Para vocês terem uma ideia do tanto de cirurgias realizadas, há períodos que só em São Paulo são feitas 700 lipoaspirações por dia e não há nenhuma morte.

O laudo do Instituto Médico Legal mostrou que a morte da jornalista ocorreu devido a um sangramento. Desde então, muitas pessoas estão me perguntando se perfuração de órgãos na hora da cirurgia é frequente. Já digo que não. Para que isso ocorra, a cânula (que tem uma ponta aberta) tem que passar por várias camadas do nosso corpo (gordura, aponeurose e musculatura do abdome) antes de chegar aos órgãos.

Além disso, a maioria dos órgãos internos é móvel e mesmo seja atingido pode desviar da cânula. Por isso, a perfuração com risco de morte só ocorre se houver uma soma de fatores como erro no posicionamento da angulação da cânula, força capaz de romper a musculatura abdominal e azar de atingir um órgão fixo como o fígado, baço ou vaso sanguíneo, ou ainda se um órgão móvel não conseguir resistir à força da cânula.

O problema todo é que em muitos casos o médico não percebe a perfuração na hora da cirurgia e o diagnóstico tarde demais pode ser a causa de morte. O que fazer para diminuir esse risco?

Como vocês sabem, tenho indicado aos pacientes o aparelho de vibrolipo nas minhas cirurgias. Pois é, com esse aparelho, nós cirurgiões necessitamos fazer menos força na retirada da gordura. O viblolipo “quebra” a gordura antes de ser aspirada e o risco de perfuração torna-se menor. Já existem trabalhos científicos mostrando que a vibrolipoaspiração pode diminuir os hematomas e a dor no pós-operatório. Além do mais, como o tempo cirúrgico é menor, o risco de TEP (saiba mais no post TEP ou Tromboembolismo Pulmonar) por um coágulo também diminui.

No entanto, o mais importante é a experiência do cirurgião para que faça a angulação correta das cânulas e atinja somente a parte anterior à musculatura abdominal. Além disso, a experiência do anestesista é fundamental, pois é ele quem vai diagnosticar algo de errado com os parâmetros de pressão, pulso, etc. que se alteram em caso de sangramento. É super importante também estar num hospital que tenha recurso para emergência e que a equipe toda esteja comprometida com o paciente.

No caso da jornalista é difícil saber o que houve de verdade somente com o que foi divulgado. Importante agora é não entrar em desespero e aproveitar esse acontecimento para conhecer mais sobre a cirurgia plástica.

Um beijo e até semana que vem!

www.ericamanzano.com.br

Um comentário:

  1. Doutora, fiquei feliz em ler o que escreveu. Ando pesquisando sobre qual procedimento adotar para corrigir uma desproporção que tenho. Meu tipo físico é médio, porém tenho um pouco de gordura localizada na barriga e um bumbum reto, embora tenha quadris largos. Pensei em fazer bioplastia, pq o que me incomoda mesmo é o bumbum, mas depois de ler tantas contra-indicações, desisti. Daí pensei na lipoescultura, visando "transferir" a gordura da barriga para o glúteo. O que a senhora recomenda que eu faça? Abraços, Renata

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